quinta-feira, 5 de outubro de 2023

A FLUIDEZ DA BOA PROSA DOS ROMANCES

 A FLUIDEZ DA BOA PROSA DOS ROMANCES




(por Antônio Saracura)

(“Em verdade, em a verdade vos digo, que aquele que crê em Mim também fará as obras que Eu faço e as fará ainda maiores” (Evangelho de João,14,12)).

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Eu canto aqui os meus heróis sem pompa: feiticeiros, padres, filósofos, enfermeiros, visionários... Que passaram a vida curando cobras e gente: benzendo, impondo mãos, abrindo mares, fazendo rir, quebrando tabus e imagens, mudando vidas, perseguindo sonhos... Heróis sem pompa que conheci pelas estradas dos povoados bárbaros de Itabaiana, nas ruas perigosas de Aracaju e por desvios dessa vida aventuresca que vivi.

Moldei estátuas, cunhei medalhas e burilei troféus, na esperança de, junto com o leitor solidário, resgatarmos os heróis ignorados oriundos de nosso povo, que tanto precisa de heróis.

Os Curadores de cobra e de gente é um livro de poemas que preserva a fluidez da boa prosa dos romances. A métrica e a rima apenas dão cadência à leitura, compõem um fundo musical de pássaros trinando no arvoredo em volta.


“Vizinho ao nosso sítio
Na antiga Terra Vermelha
Numa casa pequenina
Nem dava trezentas telhas
Morava dona Cabocla
Que o povo chamava louca
Mas era apenas uma Velha,

Uma velhinha sabida
Com um poder diferente
Dos que o povo ali tinha.
Com a força da sua mente
E o benzimento com ervas
Nem precisava três rezas
Para curar um doente.

Eu em menino assistia
Bastante admirado
Mulheres chegando tristes
E homens de cenho fechado.
Dona Cabocla os benzia
E depois da liturgia
Todos se iam curados.

(trecho do livro, os rezadores)



Será lançado nos três dias da Bienal do livro de Itabaiana, continuamente. Dias 20, 21 e 22 de outubro no shopping Peixoto.

"Foguetes espocam longe...
Talvez no Pé do Veado!
É naquela direção
Não tem como ser errado
Pode ser algum paulista
— Êitha povinho banquista! —
Chegando endinheirado.

Parece que os pés de planta
De São Paulo dão dinheiro
Pois só assim se explica
Ficar rico tão ligeiro
Basta passar lá um ano
Chega vestido em bom pano
E com sotaque estrangeiro

Mamãe me disse, entretanto,
Quando fui lhe perguntar
Que o foguetório é no Rumo
O papocar vem de lá,
São os frades capuchinhos
No povoado vizinho
Chamando para rezar...

Todo ano eles vêm
Pregar a Santa Missão
Pois a paróquia é distante
Pouco nos dá atenção...
E nosso povo sofrido
Acorre agradecido
Em busca da salvação."

(Trecho do livro na parte que fala de A Santa Missão do Pé do Veado)

(Aracaju, 12 de outubro de 2017,
Mensagem do autor, em vista do pouco ruído causado pelos leitores).

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