quarta-feira, 4 de outubro de 2023

Os Curadores de Cobra e de Gente Gente, de Antônio FJ Saracura

 

Os Curadores de Cobra e de Gente Gente, de Antônio FJ Saracura

 por Neuza Vieira Lima Steinbach


​Tem horas em que penso que a gente carecia, de repente, de acordar de alguma espécie de encanto. As pessoas e as coisas não são de verdade.” (Grande Sertão: Veredas, João Guimarães Rosa).

Hoje, 2 de janeiro de 2018, concluo a leitura de Os Curadores de cobra e de gente, do curador Antônio FJ Saracura, inquieto, quieto, reto da palavra que ele renova nos gestuais criativos, agora versos, para nos encantar e nos lembrar de que para criar e contar não há limites.


Os Curadores de cobra e de gente surge de uma “volta no céu numa chance que surgiu” em que ele encontra essa gente de reza, como Sinhá Chica, que não matava bicho nenhum, fazia-os, com sua reza e cerca de graveto, ir embora de propriedades, caladinhos e em procissão, como se foram as lagartas. Os Curadores de cobra e de gente, mesmo não sendo a flauta de Hamelin, encanta e muito bem.

Saracura ousou, miro e vejo, fazer sua reza de joelhos, diante dos personagens, que, como barro seco mais das vezes, nos deixam no escondido agora sabido, pois desencantaram nos versos cordelistas do Curador Saracura, para que Sergipe os conheça nos causos jocosos, nas rezas que livravam o homem das agonias do corpo e da alma para continuar a fazer veredas pelo sertão grande da Terra e da existência.

Saracura nos deixa, com Os Curadores de cobra e de gente, um legado de gênesis, um legado de vida eterna ritmado por belos versos naquilo que a palavra tem de melhor e novo, a palavra lavra primeira só no jeito de contar.

As pessoas e as coisas podem não ser de verdade, mas o encantamento e riqueza doada de Os Curadores de cobra e de gente são verdadeiros na palavra imortal do verso chão do poeta Saracura.
Obrigada, Saracura, por nos apontar essas veredas!

(Aracaju, 02 de janeiro de 2017, por Neuza Vieira Lima Steinbach)


Neusa Vieira Lima Steinbach – Fez o curso ginasial no Colégio Estadual Murilo Braga, e o pedagógico na Escola Normal Rural Murilo Braga. Casou em 1966, com Anito José Steinbach, poeta maior. Foi professora e mãe extremosa, a vida toda. Publica seu primeiro livro em 2014: Carta a minha mãe que não sabia ler, e em 2017, outro livro: Não é hora de correr para a caverna, reminiscências e fantasias da infância de uma menina que vive no quintal um mundo fantástico de sonhos e descobertas. Ocupa a cadeira de n. 28, da Academia Itabaianense de Letras, cujo patrono é Miguel Teixeira da Cunha.

(Por Neide Vieira Lima).

Nora: trazido de sobe Livros lidos, com  102 leituras.  

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